"Iluminar, iluminar sempre, iluminar tudo. Iluminar por toda eternidade. Iluminar e só. Eis o meu l

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terça-feira, 2 de setembro de 2014

Futilidade Pública

A futilidade Pública do ser:
Uma análise do homem e seus comportamentos frente à era moderna

O homem como indivíduo é o representante da raça humana. Segundo Aristóteles, o homem é um e é todos, pois possui todas as características desta espécie. Porém, não podemos negar que entre a humanidade haja incontáveis diferenças de personalidade, totalmente próprias da constituição do ser humano e que, são justamente essas diferenças de personalidade, agregadas aos seus atributos físicos, que tornam cada indivíduo um ser único.
         Ao longo do tempo o homem, num constante processo de aprendizagem, começou a estabelecer a busca pelo conhecimento de tudo, e consequentemente, de si próprio. Contudo nessa busca incessante pela sua identidade, o homem, se perdeu.
         Quão fútil as pessoas se transformaram envolvidas nessa ânsia do ter, distanciando-se cada vez mais do seu próprio ser.
         A valorização do superficial, da aparência, de um estilo de vida de vitrine, ao meu ver, ilusório e ostentador, afasta o indivíduo de sua essência, a tal ponto, dele não mais saber quem ele é e quais são os seus verdadeiros propósitos de vida.
         O que de significativo e realmente importante, este homem de hoje, pode encontrar vivendo num mundo de aparência para satisfazer a sociedade e suas relações, enquanto engana a si mesmo?
         O homem está cada vez mais distante da sua vida natural e cada vez mais infeliz (HENRIQUE C.L.V. apud Rousseau, 2001, p.114).



Do útil ao fútil
O ato de consumir e suas necessidades


         Vários fatores determinam a necessidade de consumo do ser humano. O homem consome, a princípio, para satisfazer suas necessidades básicas de alimentação, habitação e vestuário. Entretanto
podemos observar que, hoje, as regras do consumo não mais estão unicamente relacionadas com as tais assim chamadas necessidades básicas, e o homem consome, também, para suprir suas carências, sejam elas afetivas ou sociais, bem como, se auto afirmar perante a sociedade.
         Talvez esteja aí intrínseco o fato de que, por estar completamente envolvido em um sistema de trabalho que exige um investimento de quase todo seu tempo, o homem não mais reflita sobre sua condição humana. É o trabalhar para sobreviver.        
          Por não mais conhecer seu próprio eu, o homem, não entende quais são os seus verdadeiros interesses e sendo assim não consegue mais satisfazê-los facilmente (FROMM apud WILLIAM J., 1968, p.119).
         Segundo o autor Erich Fromm, o homem confunde interesse próprio com egoísmo e desperta em si mesmo essa busca pelo ter, pelo poder e pelo sucesso. Já não é mais a sua própria natureza que dita suas necessidades, mas sim o que ele acha que representa o interesse do seu eu, e isso se torna seu interesse próprio. Assim o homem, quando julga agir em prol do seu interesse, na verdade está muito mais preocupado com dinheiro, posição social e aquisições de bens materiais, enquanto busca o que imagina ser o melhor para si perdendo-se de si mesmo.
         No início da modernidade, o homem, passou a ter uma noção da individualidade, e juntamente com ela, começaram a surgir alguns pontos problemáticos no conceito do eu, que foi se constituindo pela propriedade que ele possuía. O homem saiu do “sou o que penso”, para “sou o que tenho, o que possuo” (FROMM apud JAMES W., 1968,p.121).

Para eu ter um eu pelo qual me interesse, é preciso que a natureza primeiro me dê algum objeto suficientemente interessante para fazer-me querer instintivamente possuí-lo por amor a ele...Meu próprio corpo e o que presta serviços a eles são, assim, o primeiro objeto, instintivamente determinado, de meus interesses egoístas. Outros objetos podem tornar-se interessantes a partir disso, por meio da associação com qualquer dessas coisas, seja como meios, seja como concomitantes habituais; e assim, por inúmeras maneiras, a esfera primitiva das emoções egoístas pode alargar-se e alterar seus limites. Essa espécie de interesse é realmente o significado da palavra meu. O que quer que a possua é, eo ipso, uma parte de mim! (FROMM apud JAMES W., 1968, P.121).
             
A meu ver, além de ser o que tem o homem também, agora, é o que os outros querem que ele seja e se comporta tal qual uma mercadoria. E assim sendo, ao julgar que age por interesse de si próprio, aspira uma melhor aceitação de “mercado”, ou seja, uma melhor uma melhor aceitação de si próprio em suas relações, no mundo em que vive.
         Partindo deste princípio, estabelece-se então, um modelo do ser, isto é, um padrão de atitudes determinando quem é este homem e qual estilo de vida ele deve ter ou seguir. Por conseguinte, o homem, exatamente por viver em sociedade, acaba que por realizar-se profissionalmente, socialmente, e em sua vida pessoal, com bases no que justamente esta sociedade lhe impõe.
         A mídia tem um importante papel difusor desses elementos que compõem a imagem do homem moderno. Desta forma o homem entende que, se não atender aos padrões estéticos e morais impostos pela sociedade, se não acompanhar o avanço tecnológico com aquisições de bens de consumo, ele não tem valor, ele deixa de existir.
         A preocupação excessiva com a aparência demonstra uma superficialidade de seus valores. Será que o homem realmente está tão preocupado assim com as questões ambientais, ou está seguindo modismos para não se sentir excluído da sociedade?


Existe uma saída?
O encontro de si mesmo






                             Com bases em minhas pesquisas concluo que o homem enquanto homem tem limitado sua vivência seguindo parâmetros existenciais externos, se afundando cada vez mais em suas falsas representações da realidade. Quando é que ele vai perceber que, não é somente o que ele tem, isto é, os bens materiais que ele possui que vai valorizá-lo como ser e que, para se relacionar com os demais seres humanos, tudo o que ele precisa é ser ele mesmo, livre de máscaras. Não podemos trocar o verbo ser pelo ter.
         Precisamos viver pautados em nossos reais interesses, àqueles pertencentes ao nosso eu, à nossa natureza, ao que nos faz sentido e ao que nos faz sentirmos verdadeiramente vivos, para quem sabe assim, iniciarmos nosso processo de realização humana.     

Flávia Lobatti                             

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